terça-feira, 23 de outubro de 2007

Impossível não amar Chanel

Atemporal. Se fosse possível definir Coco Chanel, já estaríamos no caminho certo. Mesmo porque é impossível definí-la. Porque Chanel são tantas, de tantas formas, tantas cores, tantas maneiras, que qualquer tentativa de destrinchá-la é um alto risco. Mas a atemporalidade de suas criações, que sobrevivem com estilo em pleno século XXI estão aí para nos mostrar que Chanel é eterna. Basta pensar no tailleur, no pretinho básico, no tweed, no colar de pérolas e nas gotinhas de Chanel nº 5 e constatar a verdadeira revolução feita por esta francesa de origem humilde. Filha de um vendedor de vinhos do sul da França e de uma dona de casa, não gostava de relembrar sua infância. A meninice em um orfanato, decorrente da morte prematura de seus pais e o medo de ser mandada pelas tias a um internato de um colégio de freiras conspiravam contra suas lembranças. Apenas o prazer que tinha em vestir suas bonecas baratas quebrava a barreira da sua memória.

Aos 15 anos Chanel se muda para Paris e encontra um meio de participar do grand monde parisiense: torna-se uma cortesã. Patrocinada pelo seu protetor, Boy Chapel, a estilista abriu sua primeira loja, em 1910, na rue Cambon. Sua primeira criação veio para quebrar os padrões franceses. Mulheres de vestidos longos e chapéus enfeitados foram surpreendidas por um vestido preto básico feito de jérsei, um tecido nem um pouco nobre para a época. A liberdade permitida pelos tecidos escolhidos por ela, assim como o corte de suas roupas fizeram com que suas criações logo fossem adotadas por atrizes e mulheres da alta sociedade. A partir daí Chanel começa a se tornar uma das grandes, pra não dizer a maior, lançadora de moda da década de 20.

Contra todo tipo de excessos e a favor da funcionalidade, Coco Chanel baseava suas roupas no vestuário masculino. Constantemente era vista vestindo as roupas de seus amantes. A sua primeira criação foi um suéter de Boy Chappel. Em vez de vestí-lo pela cabeça, Chanel cortou a frente com uma tesoura, fez um acabamento com fita e acrescentou uma gola e um laço. Reconhecendo seu talento, Boy Chappel a incentivou a abrir sua maison. Anos mais tardes, a estilista se orgulharia de dizer que já havia pago cada centavo devido ao amante.


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