segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Por uma moda menos ordinária


Desnudar o invisível é o preceito do estilista Jum Nakao. Avesso a ignorância e mediocridade que assola não só a moda brasileira, mas a sociedade como um todo, Jum faz moda e faz pensar. Em 2004, se despediu da São Paulo Fashion Week com o desfile “A Costura do Invisível”, em que roupas minuciosamente trabalhadas no papel foram rasgadas em um grand finale, causando histeria na platéia. Hoje ministra palestras, oficinas e workshops por todo o Brasil com o objetivo de criar um pensamento de moda mais humanístico e questionador. “Eu não moldo roupas, eu moldo pessoas”, afirma. Na moda de Jum Nakao a roupa é o meio, não o fim.

Você começou a cursar Engenharia Eletrônica antes de optar pela formação em artes plásticas e moda. Como esse gosto pela tecnologia se reflete no seu trabalho?
Eu procurei Engenharia Eletrônica porque a minha idéia era trabalhar com artes visuais. Há 25 anos atrás falar em novas mídias, pensar em mundo virtual e internet era loucura, ninguém acreditava. Naquela época fui atrás porque queria trabalhar com aquilo que hoje vejo que não era uma loucura, era uma verdade. Em qualquer exposição de arte, qualquer Bienal, você percebe o quanto a arte eletrônica ocupa o lugar dessas novas mídias. Só que há 25 anos atrás eu queria trabalhar com isso, queria uma base acadêmica, era impossível. Acabei optando por tentar uma outra abordagem. Percebia que a roupa fazia uma interface do que as pessoas tinham por dentro e o entorno, como elas se espelhavam para o mundo. É muito mais fácil trabalhar com esta interface que já existe, que é tão próxima das pessoas, da pele delas, do que falar em algo tão distante quanto as novas mídias. Daí pensei: vou trabalhar com moda.

Na SPFW de 2004 você se despediu das passarelas com um desfile histórico, em que modelos rasgaram as roupas feitas de papel, para mostrar a efemeridade e superficialidade da moda. Pretende voltar às passarelas?
Eu pretendo, é uma forma de preparar um terreno. Hoje eu me dedico muito a essa formação e capacitação de novos estilistas. Eu estou aqui fazendo com que mais pessoas acreditem que moda não é roupa, é muito mais. E que a roupa no final se torna apenas o meio da moda se prestar. Tanto que eu tento formar, vamos dizer assim, uma legião de pregadores, que vão conseguir preparar e semear para que um dia a moda seja possível. Acho que existe ainda um analfabetismo neste país absurdo, que as pessoas não percebem.

Acha que existe um preconceito em relação à moda?
Não só em relação à moda, existe um preconceito em relação a tudo que é imaterial, existe um preconceito em relação ao saber. Quais são os valores da nossa sociedade? Os valores são sempre materializados. Aquilo que está por trás, que gerou, como é feito. As pessoas não estão nem aí. Querem mostrar uma coisa que elas não sabem como é feito, por quem é feito. Só querem saber quanto custa e qual é a marca. É sintoma de um país analfabeto, que precisa trabalhar a educação.


O “Costura do Invisível” surgiu dessa necessidade de uma postura mais crítica?
Mostrar que não importa que seja feito de papel, importa como é feito e porquê é feito. Importa sim aquilo que é invisível, que é imaterial. Tanto é que este desfile foi destruído, foi desmaterializado e está presente na memória das pessoas. A possibilidade de você tentar, evoluir e sensibilizar é muito mais descobridora e transformadora. Você não pode cristalizar um personagem, cristalizar uma mesmice. Eu acho que o importante é as pessoas perceberem que elas estão anestesiadas.

Atualmente há algum estilista que você destaca na moda brasileira?
Tem vários estilistas que considero talentosos, mas eu acho que o grande problema ainda é educar o consumidor. Enquanto o consumo demandar mediocridade, as indústrias vão abastecer a população com mediocridade. É isso que o povo quer. Se o consumidor exigir, eles vão mudar. Então a única forma das coisas mudarem é através das pessoas. Se é para transformar o mundo, transforme as pessoas. Invista na educação. Aí sim você vai ter um mundo melhor. É aquela velha besteira de falar de sustentabilidade e usar produtos sustentáveis fabricados na China. No seu entorno você está criando uma grande exclusão social de mão de obra. Aquele cara que antes tinha um mercadinho, um ofício, acaba. Aquilo se degrada socialmente. Isso implica nas pessoas não olharem para grifes sustentáveis, mas terem atitudes sustentáveis.

O que é ser sustentável para você?
É pensar de forma mais humanística, não nas vantagens. Pensar como nação, não individualmente. É perceber que você não mora em uma casa, mas em uma rua, cidade, você mora em um país. Você tem que se importar com o que está ao seu lado, não somente com as pessoas, mas com tudo. A transformação começa em você.

Você tem se dedicado bastante à área acadêmica, proferindo palestras e workshops sobre moda, design, e tudo o que se refere ao processo de criar. Tem recebido um feedback positivo dos seus alunos? Acha que está cumprindo sua tarefa?
Tenho. Eu estou fazendo aquilo que eu coloco como base, que é a educação. Estou capacitando novas pessoas a sair do estado de dormência. Fazendo com que elas se tornem agentes transformadores.

Qual a sua dica para os futuros estilistas brasileiros?
Pense nas pessoas, não pense na roupa. O prédio que você está, a cadeira que você está sentado, as ruas, as casas, o trajeto que você fez para chegar até aqui, tudo foi desenhado. Você acorda em um ambiente que tem informação de design. Se simplesmente pensar em desenhar mais um objeto, mais uma roupa, não vai cumprir o preceito mais importante do design, que é um homem melhor. O que fazer para desenhar um homem melhor.


Acha que o Brasil tem capacidade para esse pensamento humanístico da moda?
O Brasil tem, começa pela educação. Não adiante falar em educação pensando em um diploma de faculdade. Não é isto que vai salvar uma pessoa. Começa em casa, estabelecendo valores.

Você tem algum projeto para crianças?
Estou com vários projetos para crianças. Quero dar aula para professores da rede primária. Mas eu acho que o MEC deveria repensar a educação. A mudança nunca pode ser pensada em um ambiente núcleo, e sim como um todo. Acho que a educação só faz sentido como um todo. Está tudo errado, se você pensar. Olhe para os lados e veja o que está acontecendo. Acho que está muito claro que o mundo está pior, para onde as coisas estão caminhando.

Você tem esperanças?
Eu tenho, por isto estou aqui. Acho que se eu formar nesta oficina 20 pessoas, não vai ser só eu brigando contra tudo.
*Entrevista para a revista Pátio Lifestyle nº 15

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Misturinhas de Verão


A estação mais quente do ano abre as suas portas. Reunimos quatro tendências que serão sucesso certo no Verão. Use e abuse das peças-chaves da estação!

Nude e Neón

O tom nude, tendência forte neste último Inverno, continua no Verão, mas com algumas adaptações. Para não deixar o look sem graça, invista em detalhes de cores flúor, outra forte tendência da estação. O segredo é saber misturá-los de forma original e contemporânea.

Alfaiataria

Em tempos de crise, o clássico é a melhor opção. Para sair da mesmice a dica é investir em peças que tenham seus diferencias em pequenos detalhes. O blazer tradicional pode virar um vestido e a tradicional calça de alfaiataria ganha releitura fashion nas suas formas, que ganham ares modernos quando misturadas com acessórios que fazem a diferença.

Praia chique

Para tomar um banho de sol, nada melhor do que a combinação cortininha e tanguinha dos biquínis brasileiros. Cansados dela estão os estilistas, que nas suas coleções de Verão 2010 investiram em maiôs com recortes e tecidos diferentes, como o vinil. Os biquínis aumentam no tamanho, e vão da praia ao restaurante com naturalidade. Basta combiná-los com uma bela calça ou camisa, que faz as vezes da saída de praia.

Camisetas

As camisetas, antes relegadas aos adolescentes, ganham status fashion ao serem incrementadas com paetês, cristais e bordados. A dica é usar com looks mais tradicionais, mistura interessante para quem gosta de descontração.


*Arte de Rangel Malta (Valeu Rangel!)

*Matéria publicada na revista Pátio Lifestyle nº 15

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A Rúbia vai com a Cris


A sortuda ganhadora da promoção Hoje vou com a Cris é a Rúbia Winter da Costa. Ela vai ganhar R$2.000,00 em compras no Diamond Mall com assessoria da blogueira Cris Guerra. A frase que ela escreveu foi a seguinte:

"Pra passar uma tarde de primavera no DiamondMall, eu me vestiria toda de branco, assim como uma tela que espera pelo artista para ser pintada; usaria como acessório um belo sorriso nos lábios e uma vontade enorme de ser feliz, como nos inspira a estação mais colorida e gostosa do ano.”

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Acervos Particulares


Quem é apaixonado por moda não pode perder a exposição Museu Capital da Moda, que acontece na galeria da Escola de Belas Artes da UFMG, aqui em BH. Uma iniciativa muito bacana para os fãs de moda+conteúdo, que pretende movimentar a área "modística" da capital mineira. A exposição consiste na mostra de vestidos, casacos, bolsas e chapéus, do século XIX e do século XX. Mais informações no site http://www.museucapitaldamoda.com.br/

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O jeito Marni de ser

Lembra quando você era criança e na escola você aprendeu com as suas coleguinhas que o certo era combinar a cor do sapato com a bolsa e a nunca misturar estampas? Pois bem, esqueça tudo o que você aprendeu. Em épocas de globalização, as regras vão por água abaixo. O trendy é misturar. Que o diga Consuelo Castiglioni, estilista da Marni.